RESENHA DO ARTIGO: EDUCAÇÃO INDÍGENA NA ESCOLA
O autor Bartomeu Melià é um jesuíta e antropólogo espanhol. Em seu artigo, publicado nos Cadernos Cedes, ano XIX, nº 49, de Dezembro/99, argumenta que a comunidade indígena, tanto como povo quanto como aldeia, tem uma racionalidade operante que temos que saber descobrir para que as novas ações pedagógicas possam praticá-la. Afirma que é nela que está a contribuição mais significativa e necessária, porque a ação pedagógica para a alteridade não é uma descoberta feita pela sociedade ocidental e nacional para oferecer aos povos indígenas, muito pelo contrário: é o que os povos indígenas podem ainda oferecer à sociedade nacional. Assim, não há um problema de educação indígena, há sim uma solução indígena ao problema da educação.
Bartomeu Melià conclui que a educação indígena não é a mão estendida à espera de uma esmola. É a mão cheia que oferece as nossas sociedades uma alteridade e uma diferença, que nós já perdemos. Para ele, a alteridade indígena como fruto da ação pedagógica não só manterá sua diferença, mas também poderá contribuir para que haja um mundo mais humano de pessoas livres na sua alteridade.
Link de acesso ao texto integral: http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v19n49/a02v1949.pdf
RESENHA DO LIVRO: ESTATÍSTICAS SOBRE EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO BRASIL
O livro “Estatísticas sobre educação escolar indígena no Brasil”, publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), traz um retrato detalhado da oferta de ensino nas aldeias. Os dados estatísticos, referentes à Educação Básica, são do Censo Escolar de 2005 do Inep.
São contemplados: a diversidade sociocultural das escolas indígenas, os métodos didático-pedagógicos empregados, etapas de ensino ofertadas, origem dos professores (indígenas e não indígenas) e traça o perfil dos alunos. Destaca-se que houve avanços na oferta de educação escolar indígena no período analisado.
Esse livro está disponível, na íntegra no link: http://www.oei.es/quipu/brasil/estadisticas/educ_indigena2007_1.pdf
RESENHA DO ARTIGO: A EDUCAÇÃO INDÍGENA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
De autoria de Irene Jeanete Lemos, o artigo traz uma pesquisa sobre educação indígena, realizada com professores que atuam nas escolas indígenas de Peruíbe, em São Paulo, e busca trazer subsídios para compreender o processo de formação dos professores e seu papel como elemento integrador na comunidade indígena. A autora nos mostra que as escolas indígenas foram criadas como um espaço para a formação escolar indígena com o objetivo de preparar o índio para um convívio sociocultural e integrá-lo à sociedade brasileira. Ela ressaltau que o sistema escolar indígena segue os mesmos padrões da sociedade brasileira, sendo que nas escolas legalizadas nas aldeias, os professores contratados para ministrar as aulas e os critérios de aprovação são estabelecidos pelas secretarias da educação. Nos resultados, foram apontadas as dificuldades encontradas pelos professores, um deles revelou que tinha dificuldade por não ter conhecimento da língua, o que dificultava a comunicação com os membros da comunidade. Esse estudo mostrou também que as crianças sentiam vergonha de pertencerem a uma tribo indígena, o que levava ao desinteresse em aprender as tradições de seus familiares.A conclusão foi que para ministrar aulas para indígenas é preciso ter formação.A maioria dos professores entrevistados realizaram cursos específicos sobre educação indígena na Universidade de São Paulo. Foi apontado, no entanto, que a escola é apenas um dos veículos de formação, assim como todo cidadão, o índio também aprende na família, nos grupos a que pertence.
Link para acesso ao texto: www.anped.org.br/reunioes/32ra/arquivos/posteres/GT11-5546--Int.pdf
RESENHA DO ARTIGO: EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: UM MODO PRÓPRIO DE RECRIAR A ESCOLA NAS ALDEIAS GUARANI
Escrito por Maria Aparecida Bergamaschi, Doutora em Educação e professora na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o artigo trata dos Guarani, que são zelosos de sua cosmologia e contrários à introdução de aparatos ocidentais em seu modo de vida tradicional. Eles foram historicamente desfavoráveis à escola, porém algumas aldeias buscam-na, como uma forma de se aparelharem para compreender o “mundo dos brancos”, acessando, por meio da escola, conhecimentos necessários para uma interação mais simétrica com a sociedade não-indígena. A reflexão, no texto, aborda os processos de escolarização, evidenciando as formas de apropriação que ocorrem na escola das aldeias Guarani, no Rio Grande do Sul, por meio de práticas escolares que buscam constituir um modo próprio de ensinar, em diálogo com os princípios que compõem a educação tradicional e a cosmologia desse povo. Segundo a autora, é nos pequenos gestos cotidianos, sustentados pelas características de sua educação tradicional – a curiosidade, a observação, a imitação e o respeito, entre outros atributos responsáveis pela confecção da pessoa Guarani –, que se apropriam da escola, tornando-a sua.
Link de acesso ao texto integral: http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v27n72/a06v2772.pdf
RESENHA DO LIVRO: EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA EM TERRA BRASILIS: TEMPO DE NOVO DESCOBRIMENTO
Link de acesso ao texto integral: http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v27n72/a06v2772.pdf
RESENHA DO LIVRO: EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA EM TERRA BRASILIS: TEMPO DE NOVO DESCOBRIMENTO
Organizado por Fernanda Lopes de Carvalho e publicado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), o livro contém três artigos de especialistas, que fazem análises pertinentes do tema educação escolar e população indígena.
Educação escolar indígena em Terra Brasilis, tempo de novo descobrimento Rio de Janeiro: IBASE, 2004 88p.
RESENHA DO LIVRO: ANTROPOLOGIA, HISTÓRIA E EDUCAÇÃO: A QUESTÃO INDÍGENA E A ESCOLA.
A questão indígena e a escola, organizado por Aracy Lopes da Silva e Mariana Kawal Leal Ferreira, constitui-se numa coletânea de artigos etnográficos, elaborados por vários autores, que trazem experiências de escolarização vivenciada por diferentes grupos indígenas do Brasil.
LOPES DA SILVA, A.; LEAL FERREIRA, M. K. (Org.). Antropologia, história e educação: a questão indígena e a escola. São Paulo: Global, 2001. 398 p.
RESENHA DO LIVRO: EDUCAÇÃO INDÍGENA X EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA- UMA RELAÇÃO ETNOCIDA EM UMA PESQUISA ETNOMATEMÁTICA.
É uma investigação realizada pelo pesquisador da etnomatemática Pedro Paulo Scandiuzzi junto ao povo kuikuro na aldeia Lahatua Otomo no Parque Nacional do Xingu (PQXin), buscando inquirir que interferências/conflitos podem surgir ao ensinar geometria do conteúdo formal no contato cultural da sociedade nacional com a sociedade indígena kuikuro. O autor revela no livro suas crenças e convicções sobre o que seja educar e o que seja educar etno e matematicamente, ressaltando que um desrespeito a toda produção desses povos podem provocar o que o autor denomina de etnocídio dos povos indígenas.
SCANDIUZZI, P. P. Educação Indígena X Educação Escolar Indígena- uma Relação Etnocida em uma Pesquisa Etnomatemática. São Paulo: Ed. UNESP, 2009
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) editou os Cadernos de Educação Indígena, em Brasília, com impressão da ArtGraf, no triênio de 99/2002. A publicação tem formato de brochura, com 83 páginas. A apresentação foi elaborada por Carlos Augusto Abicalil, presidente da entidade nesse triênio.
A CNTE tem sede em Brasília e é a segunda maior confederação brasileira, filiada à CUT, somando aproximadamente 960 mil associados. Sua luta extrapola as questões específicas da categoria, discutindo temas polêmicos como: exploração do trabalho infantil, reforma agrária, emprego, saúde no trabalho, racismo e opressão de gênero, contribuindo para uma maior participação no cenário político-social do Brasil. A CNTE incursiona também por questões de âmbito internacional e é filiada à I.E - Internacional de Educação e à CEA - Confederação de Educadores Americanos.
Diversas pesquisas desenvolvidas pela CNTE têm respaldado a luta dos trabalhadores em educação por políticas públicas focadas nas reais e urgentes necessidades do ensino público. São pesquisas sobre saúde e condições de vida dos educadores, análise crítica do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), condições dos trabalhadores aposentados, dentre outras.
O livro está dividido em seis partes: Apresentação; Legislação Federal; Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Indígena; Resolução CEB nº 3, de 10 de novembro de 1999; Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas-RCNEI; e Experiências de Educação Indígena. A apresentação traz a fala do índio Gildo Jorge Roberto Terena, que depôs sobre as agressões que sofreu no dia 22 de abril durante a manifestação do Movimento Brasil – Outros 500. Esse depoimento é seguido pelas observações do então presidente da CNTE.
Na primeira parte do caderno é apresentada a legislação básica brasileira sobre os indígenas e a educação escolar que deve ser destinada a eles. É ressaltado o parecer da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação 14/99, que contextualiza e traça caminhos para a implantação na organização escolar brasileira de uma escola especificamente indígena.
A segunda parte traz o conteúdo do Referencial Curricular Nacional para a Educação Indígena. Ele é considerado um marco político-pedagógico fundamental para a reorientação da concepção e dos programas das escolas indígenas no âmbito da interculturalidade e do multilinguismo.
Na terceira parte são apresentados resumos de experiências diversas de educação indígena e de formação de profissionais para este fim. Os resumos são de responsabilidade do Prof. João Monlevade, da Assessoria do CNTE. Eles se limitaram a experiências cujos relatos foram encaminhados à Confederação após contatos com entidades filiadas.
Esse livro traz relatos nos quais se pode observar que, na época, eram recentes os esforços institucionais para construir a educação indígena dentro da concepção de respeito às culturas, à língua, aos processos próprios e diferenciados de aprendizagem que condicionam o sucesso da escola e a inclusão autônoma das etnias indígenas na comunhão nacional. É um material interessante e que elucida ao leitor aspectos fundamentais para compreender a importância das políticas públicas voltadas para a educação indígena.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO. Disponível em: http://www.cnte.org.br/index.php/institucional/a-cnte Acesso em: 20 de set. de 2011.